Corro das trevas,
Sem a esperança de voltar,
Quem dera que não fosse verdade,
Mentir para que a falta não se faça imperativa.
Corro do ódio,
Sem o desejo que me contamine,
A serpente que segue meu destino,
Azucrina sem demora meus pesadelos.
Corro da vingança,
Sem a vontade de matar,
Fraquejo e isto me faz tão miúdo,
Fortalece o inimigo tão visceral.
Corro da mentira,
Sem a verdade bater a porta,
As mãos calejadas estão vazias e abertas,
A saliva demoníaca realiza insuportável sangria.
Corro da realidade,
Sem olhar no retrovisor,
Impactos marcados na derme,
Vontade que semeia infértil na boca.
Corro da vida,
Sem querer balbuciar a dor,
Endógenas feridas no leito do corpo,
Abutres velejam sorrateiros no horizonte.
Corro da morte,
Sem acreditar que a terra úmida é o destino,
Tantos pensamentos soltos e nenhuma certeza,
A covardia dos afiados punhais a todo vapor.
Corro da solidão,
Sem saber ao certo como retornar,
Olhos abrem e fecham e nada é identificado,
Os demônios operam entre a moita e a neblina.
Corro de mim,
Sem a esperança de voltar ao que era,
Queria uma chance para repor o que nos roubaram,
O destino é a lápide que conforta nosso silêncio.
Corro da lembrança,
Sem saber se irei lhe esquecer,
A maldade sempre avisa o quanto ainda atormenta,
A alegria se foi e a verdade é uma flácida ilusão.
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