Acordo tão devagar,
A noite que não surgiram os sonhos,
A manhã clareia entre feridas e fendas da janela.
O pensamento transita tão distante,
Quero estar atado aos seus sentidos,
Pousar sobre as nuvens tão distraídas,
Atravessar pontes e avenidas,
Correr nas ruas entre carros amotinados e saltar faróis,
Tropeçando em pedestres e corpos residindo em calçadas,
Driblar cada cão e gato escondido nos sacos de lixo,
Evitar pisar em tantos ratos donos da cidade,
Escalar todos os muros de contenção,
Após pular cada lance de escada,
Até o parapeito de sua janela.
Provar o sabor,
Quanta espera!
Diluindo meu senso,
Angustiando a paciência.
Lábios fugitivos,
De um lado para outro,
A cama vazia é um autômato sem nexo.
Aposentei o travesseiro e cobertor foi se abrigar no chão,
Os olhos ardem diante de tanta luz fosca,
Derrubo o despertador,
Quebro um copo de vidro,
Os estilhaços pelo chão da casa,
São almofadas indigestas que atormentam os dias,
Os livros espalhados pelo quarto,
As idéias que tomam férias,
A crueldade do reflexo no espelho,
O sono que nunca chega,
O cintilar dos seus olhos que não surgem,
O desejo suprimido de todas as formas,
E lá vem aquela eterna indagação:
Por que diabos não consigo lhe esquecer?
Será amor?
Será humor?
Será rancor?
Será tortura?
Será o benedito?
O Sol se põem a fixar no alto dos prédios,
A luz invade o quarto sem pedir alvará,
O leito ainda continua vazio,
Com meu sorriso insólito,
Pouco tenho a fazer...
E a insônia refaz sua velha rotina.
Jaz uma noite,
Jazem duas noites, muitas noites...
Insônia, insônia... Ou devo-lhe chamar agonia?
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