sábado, 9 de abril de 2011

Realengo (A Barbárie Interior)




Um rio sem riso,
Um rio de perplexidade,
Um rio rubro de estupidez,
Um rio em Realengo de agonia inocente.


Da barbárie cotidiana,
Insana e injustificável,
Selvagem e monstruosa,
O interdito da vida de pequenos inocentes.


Há uma sociedade que chora,
Há uma sociedade que diz se "lamentar",
Há uma sociedade que diz "sentir muito",
Querendo ou não, parimos o que construímos.


Da cidadania de papel ao papel dos psicopatas,
Da polícia da repressão ao concubinato com o crime,
De políticos de fachada à corrupção sorrateira,
Olhando para o espelho: quem se importa com alguém?


E quando tudo é mera ficção?
Quando a ficção se fantasia de uma lógica impensada,
E quando tudo é mera realidade?
Quando a realidade se submete a uma lógica selvagem.


Quantos doentes foram fabricados em cada verba desviada,
Quantas vidas sofreram famélicas em cada gestão fraudulenta,
Senhores políticos, sejamos honestos (que tarefa árdua!):
Poupem-nos de suas lágrimas de tiranossauro!


Da mídia que tanto pede e implora por insanas audiências,
Fartou-se torrencialmente dianto de um jorro de bestialidades,
Aos imediatistas que se promovem com estúpidas carnificinas,
Encarem os corpos de jovens vítimas dos "pós-modernismos" patéticos.


Uma ode às insanidades do americanismo cultural belicista,
Aplausos para os senhores colonizados na cultura enlatada,
Agora com a "felicidade" que (já) estamos no "Primeiro Mundo":
Abra alas aos ceifadores anônimos da “nuestra” pátria tão gentil!


Um insano e sua arma no delírio narcísico do micro-poder,
Um gestor público e sua caneta fascínora delineando o desvio do erário,
Um capitalista e sua sanha cafetina e voraz pelo suor alheio,
Quem é mais assassino em suas práticas cotidianas?


O que dizer quando a barbárie interior redige a sua cartilha?
Na acefalia pós-moderna, em vão foram os avisos de Adorno,
Repetimos cínica e exaustivamente uma putrefata Auschwitz,
O tilintar da pedagogia macabra da Columbine à brasileira.


Carecemos mais de afagos, mãos unidas e apaziguamento,
Carecemos mais de paixão, sentimento e sensibilidade,
Carecemos mais de compreensão, justiça social e solidariedade,
Dinheiro e sangramento, não!... Simplesmente um pouco mais de amor!


Da dor, que se atenue,
Da revolta, que se conforte,
Aos familiares, nossos pêsames,
Aos filhos, que sejam acolhidos na Paz!

Um comentário:

Maluz disse...

Louvável como abordou o assunto, principalmente os falsos pesames midiaticos, que "sofrem" pra explorar a siuação.