sábado, 31 de dezembro de 2011

Querela



Na batalha etérea entre o Bem e o Mal,
A Maldade lambe os dedos com o suor e o sangue alheio,
A Bondade carrega o fardo de pregar o Amor,
Penar com o escárnio e a indiferença alheia.


A Maldade seduz, viola e corrompe,
Sob todas as formas, máculas e práticas,
A Bondade carrega consigo um fardo litúrgico,
Palavras sobreviventes de justiça, devoção e Paz.


Enquanto a Maldade tem o toque da destruição,
A Bondade conduz sua labuta com parcimônia,
Levar as trevas do caos em direção a Luz.


A ponte da Maldade se arrebenta no meio,
Somente a ponte ostensiva e sólida da Bondade,
Poderá acompanhar seus passos até o fim da jornada.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Adágios (Para Refletir e Viver um Novo Tempo)



Quem negocia objetos acredita que tudo é negociável, inclusive a Vida.

Quem faz escolhas deve saber que também é responsável por elas.

Quem se deixa ser usado pelo outro é tão cúmplice quando seu corruptor.

Quem se deixa ser usado também desejará usar o outro quando for possível e conveniente.

Quem compra uma pessoa acredita que pode comprar qualquer coisa até o dia que encontrará alguém que seja inegociável: daí seu corruptor desejará destruí-la.

Quem dorme com ratos acordará esmagado dentro de uma ratoeira.

Quem vive para comer alfafa somente aprenderá a distribuir coices. 

Quem coleciona objetos sempre desejará colecionar pessoas: para ele não existirá nenhuma distinção.

Quem mostra muito os dentes desejará deixar o lastro da mordida.

Quem brinca com fogo é incendiário.

Quem sempre viveu na mixórdia sentimental não compreende o valor e a grandeza da palavra “Amor”.

Quem silencia é conivente com a opressão.

Quem se deixa oprimir também é cúmplice do opressor ou é masoquista.

Quem torra o saco dos demais pedindo para liberar drogas herbáceas não sabe os verdadeiros efeitos alucinógenos da Paixão.

Quem cedo madruga acaba por ficar cochilando à tarde.

Quem balbucia o verbo “amar” esquece de compreender um segundo verbo: o “doar”.

A adolescência é um estágio que para muitos pode durar convenientemente até uns setenta anos.

Todos são iguais até o momento que um se levanta e mostra que o seu umbigo é maior que os demais.

Todo ser humano tem um preço, exceto aqueles que acham que sua vida vale bem além do que um punhado de bugigangas.

Todos querem conforto sem abrir mão da liberdade: o mundo é feito por ilusionistas para lograr ingênuos de plantão.

A mentira é uma verdade alternativa para acomodar a todos aqueles que adormeceram para a existência.

Diploma não transfere conhecimento, apenas acrescenta um quadro ilustrativo na parede.

A sexualidade é uma das mais duras matérias. Todos tagarelam sobre ela, mas poucos ousam a estudar suas lições.

Lei Lolita-Nabokov: Homens mais velhos adoram o fetiche das mulheres mais novas. Assim poderão sempre repetir os mesmos estragos que fizeram com as mulheres das suas idades contemporâneas.

Não existe uma inocência pura, mas uma apatia cúmplice.

É mais cômodo abraçar o precipício da mentira do que se defrontar com a luminescência da verdade.

A maldade é circunstancial e somente a bondade é perene.

A democracia juvenil é quando a estupidez da maioria imprime sua tirania contra a maturidade de uma minoria.

É mais cômodo cortar os pulsos do que desvencilhar dos laços.

O interesse das mulheres pelos canalhas é diretamente proporcional à viscosidade de suas mentiras.

Entre a barbárie e o Amor saiba muito bem em que lado você estará, pois a partir da sua essência interior que irá decidir na escolha.

Manejar uma arma é fácil, difícil é manejar a Arte do Amor.

O primeiro a mentir será o último a continuar mentindo.

Acima de tudo, os Maus são a maioria, mas a grandeza dos Bons prevalecerá pela intensidade, lealdade e a solidariedade dos seus ideais.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Flor do Amor

Quando o terreno do seu coração estiver deserto,
Procure arar o solo com energia e confiança,
Sedimente então uma pequena semente de esperança.
Regue um pouco com a água dos desejos.
 

Aguarde pelo tempo da paciente espera,
No livre caminhar dos acontecimentos,
Não intoxique com nenhum agrotóxico
Da deslealdade, egoísmo e apatia.


Deixe banhar na sombra fresca para que o Sol,
Não desidrate a paixão incontida,
Sem vitimar no calvário triste da despedida.


A semente desenvolverá as folhas e algumas flores da partilha,
Veremos nascer do solo frágil da solidão uma genuína flor,
Quem sabe poderemos até chamá-la de Amor.

Flor da Ausência



No jardim do desassossego
São tantas as quimeras que nos fazem sentir,
O corpo mecanicamente que embala numa certa frágil magia,
A palavra não dita, o toque ausente e a canção não tocada.



A saudade que desembrulha suas pétalas
Que se espalham pelos cantos,
A vontade quase descoberta,
No seio do querer sem o lastro do poder.



A distância que imprime um toque de azedume no canto da boca,
O desejo contido no silêncio de uma estrela,
A retina que tateia na vaga espera do não-existir.



O jardim soturno que assola o hiperespaço no vão entre os dedos,
Na noite de luzes, consumação e fogos de artifícios,
Nem todos os sorrisos serão de alegria.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tristeza



Quando a Tristeza passar pela sua calçada,
Não se assuste ou tampouco seja solidária,
Simplesmente, cumprimente sem abraçá-la,
E deixe-a passar livremente...


Não vale a pena perder tempo com ela,
Afinal, o caminho é longo e cheio de curvas,
Abra um largo sorriso na face e prossiga.


Entre todos os tons entristecidos,
Prefira sempre os menos foscos e opacos.
Uma tarefa necessária da existência é buscar dar um colorido,
Que seja mais significativo e vibrante na Vida...


A vida tem seus caprichos no desequilíbrio da presença,
Quanto mais a distância agride a insólita saudade,
O pensamento se encarregará de atar as pontas perdidas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Plenitude



Aquilo que se atinge sutilmente com a alma,
Nunca pela imposição mecânica do tato, do asco e da insensatez.


A fluidez libertária e plena dos sentidos,
Uma brisa fluida da madrugada quente de luar.


As palavras mais plenas são aquelas seladas,
Com a interdição de lábios alheios que afanam um beijo.


No limite, a plena certeza que tudo na vida,
É um caminho de reentrâncias e possibilidades.


Um tempo delimitado pelo medo,
Um prato cheio de esperança.
 

Uma sopa aquecida e temperada com o sal dos desejos,
Adicionado de um pedaço de pão amolecido pelas circunstâncias.


Sem maiores engodos, não ha mistério que dure a eternidade,
Viver é tornar-se pleno no caminho tangido entre os sonhos e o tempo.