terça-feira, 17 de agosto de 2021

O novelo e o labirinto

 

Não sei mais,
Quais as palavras que atinam a sua razão.
Não sei mais,
O que dizer além de tudo o que foi dito.
Não sei mais,
O que fazer além de tudo o que foi feito.
 
Quantas mágoas desnecessárias, Descompensaram o ritmo do  coração?
Quantas adagas mal afiadas,
Perfuraram a cristalina confiança?
Quantas lágrimas errantes,
Cortaram os nossos semblantes?
 
Como posso aceitar um desígnio tão ingrato?
O que fazer quando o seu pedido é o labirinto do afastamento?
O que pensar quando a regra é só ceder na discórdia de imediato?
O que sentir quando a distorção eruptiva e injusta veleja em seu pensamento?
 
Por amor eu respeito o acordo imposto insensatamente,
Por amor eu guardo a dor fingindo que ela não exista realmente,
Por amor eu me recolho sob os escombros do tsunami que nos acertou com maldade,
Por amor eu aceito o seu último desejo e engulo a lágrima da saudade...
 
Não fujo ou nego a verdade,
Não desvirtuo a realidade,
Nunca soneguei o meu calor,
Nunca quis lhe causar alguma dor.
 
Aceito cabisbaixo a cruel penitência,
O silêncio que queima lábios e dedos,
Não sei o razão para tamanha impotência,
Que crime tão nefasto é o amor sem segredos!
 
Não sei mais quando seus vocábulos dizem a verdade,
Não sei mais o que o seu coração clama,
De tanto amor, o que reina hoje é a infértil deslealdade,
A razão partida e o desejo que reclama.
 
Pode o mal vagar para nos afastar com espanto,
Pode a fantasia achar que venceu o jogo de destrutiva alucinação,
Nada é para sempre no universo do desencanto,
Os dias escoam e a tola saudade ainda acredita na reparação.
 
Quando a sombra desenlaça a dor sentimental,
A saudade ainda mimetiza a parcimônia do estiolar de um vegetal,
A realidade descortina-se em um labirinto de pesadelo,
A vida que pensava ser linear se transforma em novelo.


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