Quantos mares inundam os dias prostrados em silêncio?
No cais, um vendaval frio e úmido banha meu rosto,
A paisagem gélida e sombria,
Contrasta com o Sol abundante que não aquece o asfalto,
Deveria sentir calor,
Mas a umidade não cede espaço para nenhuma permuta de energia.
Com um semblante fechado,
Não restam muitas alternativas,
Exceto sentar-se ao chão e escrever um testemunho,
Por no papel tudo o que não foi e o que continua não ocorrendo,
Palavras e dores no liquidificador da memória.
Quem errou? - Pouco importa quem segura a alça da discórdia.
O que é solidão?
Estar diante da multidão,
Sorrir para todo o povoado,
Acenar palidamente um sorriso hermético,
E continuar a abrigar um angustiante vazio.
Volto ao cais,
Na esperança de uma resposta,
Algum vestígio que dinamite a saudade...
É noite e logo vem à tempestade,
Abrigo-me debaixo de um telhado,
Respingos molham minhas vestes,
Mesclando com algumas gotas d´água no canto dos olhos,
Rios que cortam a face,
Ondas curvam a areia,
Castelos da mesma areia molhada que viraram ruínas,
Os dias são pálidos de mórbida estabilidade.
O cais não guarda respostas,
O que passa pelos seus pensamentos?
Será o mesmo que reproduzem os temores?
É tão difícil adivinhar segredos calados,
Do passado em branco,
Do riso amargo,
Da vontade vencida,
Da Paixão perdida,
O Tempo cansado...
Não caia na noite como uma criança que salta do berço,
Caminhe atentamente sobre seus calcanhares,
Siga o desejo atado ao coração,
Respire profundamente,
Sem deixar de acreditar,
Sinta minhas mãos aquecendo seus dedos.
No cais as histórias se confundem,
Eu, você e o mundo.
As palavras gritam silenciadas,
O ar está seco,
Permita-se sonhar com a liberdade dos lábios,
E aceite meus olhos como resposta.
No cais, as histórias se confundem,
Eu, você e o mundo.
Tantas canções parecidas,
Tantas composições de sínteses emotivas,
Nenhuma toca tão intensamente,
Como aquela presente na ponta dos lábios.
No cais, as histórias se confundem,
Eu, você e o mundo.
A palma vazia da mão,
Um ar de tristeza incólume,
O mar está deserto,
A brisa vagueia sem rumo.
No cais, as histórias se confundem,
Eu, você e o mundo.
Deixe que os sentimentos saltem livremente,
Na margem de águas pouco cristalinas,
Águas que trazem e levam sentimentos,
Tantos e tantos pensamentos,
Tanta e tanta saudade...
O Tempo traz felicidade?
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