quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Fragilidade


Quem me dera um único alívio,
Que afaste o caminho das trevas,
Dias inglórios sem luzes definidas,
Preso ao altar sem nenhuma prece corrente.


A estrada possui um leito de pedras pontiagudas,
A cada passo em falso é a certeza de um corte turvo,
A semente da arritmia dos lábios desencontrados,
Rege a triste ópera do silêncio em adiabático temporal.


O que se passa no horizonte de seus pensamentos?
Quantos dilemas trafegam num oceano de incertezas?
O medo corrói a ponte que dá acesso ao solo firme,
Tantos são os receios que embriagam um futuro.


A cada palavra hesitada em lábios trancafiados,
É um obstáculo a mais para trilhar rumo a um pôr-do-sol,
As nuvens enegrecidas não reconhecem uma trégua,
A salobra chuva despenca encharcando nossas almas em desolação.


Acordo em meio a algum infrutífero sono cotidiano,
Velhos fantasmas rondam o subconsciente sem pestanejarem,
Perdi a conta dos dias sabotados pelo silêncio,
O vácuo se encarrega dos sentimentos em perplexidade.


Todas as fugas são inúteis e imaturos passatempos,
Tolas caixas de Pandora à espera do Tempo das respostas,
A fragilidade de nossos anseios,
Emergida em profundo abismo existencial.


Até quando esperar as flores suplicarem por algumas gotas d´águas?
Caules tão secos como as pontas dos dedos deslizando pelo quadro,
A saudade soturnamente perambulando pelos nossos dias,
Não espere até o frio noturno trovejar para bater à porta.


O que hoje selam os lábios,

Amanhã poderá ser a dor mais latente em cada peito,

Vasculhemos nossas memórias e relembremos do que é vital,

Não há como fugir de um Destino irremediável:

A vida é limitada, incipiente e frágil.


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