Quem me dera um único alívio,
Que afaste o caminho das trevas,
Dias inglórios sem luzes definidas,
Preso ao altar sem nenhuma prece corrente.
A estrada possui um leito de pedras pontiagudas,
A cada passo em falso é a certeza de um corte turvo,
A semente da arritmia dos lábios desencontrados,
Rege a triste ópera do silêncio em adiabático temporal.
O que se passa no horizonte de seus pensamentos?
Quantos dilemas trafegam num oceano de incertezas?
O medo corrói a ponte que dá acesso ao solo firme,
Tantos são os receios que embriagam um futuro.
A cada palavra hesitada em lábios trancafiados,
É um obstáculo a mais para trilhar rumo a um pôr-do-sol,
As nuvens enegrecidas não reconhecem uma trégua,
A salobra chuva despenca encharcando nossas almas em desolação.
Acordo em meio a algum infrutífero sono cotidiano,
Velhos fantasmas rondam o subconsciente sem pestanejarem,
Perdi a conta dos dias sabotados pelo silêncio,
O vácuo se encarrega dos sentimentos em perplexidade.
Todas as fugas são inúteis e imaturos passatempos,
Tolas caixas de Pandora à espera do Tempo das respostas,
A fragilidade de nossos anseios,
Emergida em profundo abismo existencial.
Até quando esperar as flores suplicarem por algumas gotas d´águas?
Caules tão secos como as pontas dos dedos deslizando pelo quadro,
A saudade soturnamente perambulando pelos nossos dias,
Não espere até o frio noturno trovejar para bater à porta.
O que hoje selam os lábios,
Amanhã poderá ser a dor mais latente em cada peito,
Vasculhemos nossas memórias e relembremos do que é vital,
Não há como fugir de um Destino irremediável:
A vida é limitada, incipiente e frágil.
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