Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
sábado, 29 de outubro de 2011
Estrada (Sem Saída)
Quando o silêncio reina,
A negação castradora prevalece,
Nada mais urge gesticular,
As pontes se desmoronam.
Quando a palavra que não envolve,
A cama caprichosamente não acolhe,
Os corpos não evoluem como era de praxe,
Invariavelmente, o deserto é o destino.
Quando um se afasta,
Dois se perdem e o frio acolhe,
Cada um no seu antagônico caminho.
Fazendo poeira para cobrir os rastros.
Quando a indiferença escancara a porta,
Os sentimentos escorrem pelos poros,
O esquecimento se torna tão evidente,
É bom refletir tanta coercitiva ausência.
Em cada curva, o joguete de bobagens infantis,
Numa bacia de verdades obsoletas e vazias,
A história fica sempre impregnada no retrovisor,
Escorrendo como orvalho relembrando a cama desalinhada.
Aquele beijo com gosto áspero de algum fungicida,
Basta de apostar na carta viciada ou em qualquer prêmio frustrado,
Na madrugada do passado deixado na borda da estrada,
Lições que teimam em nunca serem aprendidas.
A paixão é um sutil jogo marcado,
Carece de participantes ativos e praticantes,
A vitória sorri para quem conhece suas regras,
Aos tolos e arrogantes sobram as querelas do alçapão.
Perdeu, perdeu!... A despedida sem bilhete de adeus,
Resta desejar não mais se arrepender,
Jogar no asfalto a lista das desculpas vazias,
Esquecer os velhos atalhos da volta.
Como um castelo de lâminas sobre o pulso,
A distância é o único elo que se mantém,
Se um dos lados quis escolher assim,
Certo ou errado... Quem sabe?
Os sentimentos serão pulverizados tão brevemente,
Fadados no término da escrita destes versos,
Em liberdade, o Amor não tem dono,
A excrescência é não saber amar.
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