terça-feira, 18 de outubro de 2011

Fantasias



Uma flor será sempre uma flor,
Um olhar será sempre um olhar,
Um toque será sempre um toque...

Até que se possa fazer de um simples gesto ou ação,
Um novo desenho ou uma quase invenção,
Com um novo sentido, com alguma empolgação.

Na incoerência reside a nódoa de pequenos deslizes sinceros,
Na verborragia tola há uma cesta de lúdicas bobagens patéticas,
Na hesitação é disparado o ato falho que discretamente incrimina.

A vida se desnuda como resultado inevitável,
De símbolos históricos, mecânicos e cotidianos,
A epifânica fantasia que cada um se refaz.

Significantes fulcrais, reais e imaginários,
Significados para serem digeridos num divã,
Sacros, sacrilégios e uma sede nunca saciada.

Artifícios que se cultivam a fim de serem processados,
Na impossível amálgama de existências quase reais,
O tempo corre invariavelmente indiferente a tudo.

No encontro profano de Marx, Freud e Sade,
O pulsar de matéria, desejo e gozo,
Na justa medida do que o ser humano é capaz.

Da máscara cordial à vã retórica social,
Da fotografia familiar ao vício privado,
Da cama desalinhada à permissiva intimidade.

A fantasia das ruas,
A fantasia dos salões,
A fantasia das alcovas.

A vida que pulsa, atina e patina,
Entre a angústia pessoal e o contrato coletivo,
A realidade que teima sempre em subverter a ficção.

2 comentários:

Anônimo disse...

Continua encantador...!!! Assinado: A louca rsrs

ndicta disse...

te acompanho desde 2007, melhor a cada postagem. saudade dos nosssos papos na madrugada, beijos ndicta@hotmail.com