quinta-feira, 11 de junho de 2009

Círculos Vacilantes


Quantas voltas é preciso girar e girar,
Até se encontrar a ponta inicial do labirinto,
Onde outrora tudo começou a se irradiar sem controle,
E toda a história colorida se deu partida.


A cada caminho tortuoso sem seta ou holofote,
A cada tijolo amarelado afixado no ladrilho,
Os pés levemente fincados no chão escorregadio,
Pisam sem cautela por um frio espaço delimitado.


O olhar perambulando entre um lado e outro,
A boca acre levemente ressecada e ressentida,
Os lábios presenteados com pequenas fissuras,
Resta carregar uma alma cansada e carregada de vazio.


Quanta ansiedade umedecendo as mãos,
Os dedos trêmulos e oscilantes em suas pontas,
Por onde caminhar diante do indecifrável desconhecido,
Quais certezas peregrinam ao lado dos frágeis passos?


Não saber por onde ir,
Não compreender aonde se quer finalmente chegar,
Refugar de tantas maneiras que não se consegue seguir adiante,
Quem está disposto a segurar a mão alheia?


Tantas dúvidas carregadas nos olhos,
Tantos olhos famintos de abutres e traidores,
Tanta indiferença nos olhares das almas petrificadas,
A solidão da estrada é rude, sôfrega e fiel.


As pernas pesam gradativamente como sacos de areia,
A cabeça arregimenta uma inútil massa adicional a cada quilômetro,
O ar se torna mais amargo e invade todo o peito,
Pela boca, a respiração começa aleatoriamente a disparar.


Aquela casa parece tão familiar,
Aquela rua se revela igualmente familiar,
As mesmas cores, cenas e pessoas familiares,
Quantas vezes já foram reprisadas tais cenas?


Os fantasmas brotam sorridentes quando menos se espera,
Adentram e escorrem pelo chão sem deixar lastro,
Apavoram, ameaçam, chantageiam e repentinamente fogem,
O movimento periódico para distrair os pés desguarnecidos.


Quaisquer caminhos não são seguros para se aventurar,
Não há roteiro perfeito produzido por GPS ou mapas da Internet,
Cada um segue a rota que ousa aceitar para a vida,
Certo ou errado, é inevitável fugir do ciclo da fragmentária existência.

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