quinta-feira, 4 de junho de 2009

Inferno Glacial


Manhã torrencialmente fria,
Congelando dedos, lábios e pensamentos,
Sonoridade fragmentada ao longe,
Sem perspectivas de aquecimento.


Com tantas poucas novidades,
Sabemos tão pouco sobre quase nada,
Certo, errado, quem sabe?
Velejamos na gélida lâmina de incertezas.


Caminhos afogados de inquietações,
A palavra calada plana no espaço,
O ar frio adentra nos pulmões,
Quem tem sede no deserto glacial?


Ronda a velha preguiça em não sair da cama,
Afazeres empilhando sobre a mesa,
A espera do debruçar de algum labor rotineiro,
No reino do ócio, quero o meu trono!


No pequeno rádio, nada importante a ser divulgado,
Um avião que cai, outro assalto à banco e a rotineira orgia em Brasília,
Já não é possível distinguir notícias novas das antigas,
Cotidiano, demasiadamente cotidiano.


Sobram desculpas para a ausência de reflexão,
Talvez a dor de revirar baús de intrigas e desenganos,
Um frio incauto permanece agregado à atmosfera,
E poucas são as certezas contidas na cabeça.


Quem me dera um copo de amnésia,
Lembrar do que precisa ser esquecido,
Sem vitórias, glórias ou prantos,
Nada! Sem soluções pré-fabricadas...


O silêncio transpõem tanta coisa,
As vezes, pode dizer muito,
Adentrar rítmico imerso no coração,
E dizer quer as palavras não conseguem traduzir.


A alma resfriada em berço amorfo,
Não seguindo os mapas dos arredores,
Nada é meramente verdadeiro ou falso,
Como ter ciência dos passos apressados no escuro?


No ambiente continua a cair milimetricamente a temperatura,
Segue a sorte sendo ditada pela vontade da moeda,
As certezas se confundem com as dúvidas,
A segurança permanece sendo uma eterna passageira.

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