quarta-feira, 1 de julho de 2009

Asfalto Fino


Noite de domínios silenciosos,
Caminhos tecidos por rodas em asfalto fino,
Na esperança de segmentar o tempo,
Logrando os percalços da existência.


Que as palavras são fragmentados frágeis,
Não se torna novidade para nenhum forasteiro,
Os pensamentos que entoam pela estrada,
Martelam amordaçados pela noite invasiva.


No outdoor de cada mensagem,
É como se quisesse convencer os desavisados,
Falta sempre algo a ser feito,
Um clima de incompletude vagando no ar.


Qual alívio que se pranteia,
No meio da estrada sem rumo?
O que se busca dentro da essência de cada ser,
Senão as benesses da fugaz liberdade.


A noite que invade os olhos,
Sem deixar as miragens fora do lugar,
Palavra por palavra, nada é dito,
Em óleo fervente se refugia a alma oscilante.


E tudo aquilo que foi deixado para trás?
E tudo aquilo que não se consegue enxergar?
Por ódio, comodismo, medo ou covardia,
O passado como lágrimas de uma santa de barro.


Profanar túmulos para garimpar o desconhecido,
Racionalizar os medos e diagnosticar a impotência,
A noite que esconde filhos e cintila pontos de luzes,
A palavra maldita fazendo coro com a palavra santificada.


Orar ao Pai na esperança egocêntrica da salvação,
Mas, basta de clamar obediência!
Deitar-se com demônios flertando com o Paraíso,
Saciar os desejos com o cálice da insanidade.


Noite das palavras cegas,
Estada de asfalto seco,
Luzes de clarão atordoante,
Sinais que não indicam lugar algum.


Noite de caminhos tortos,
Noite de ansiedade incinerante,
Noite de alívio e tortura,
Ninguém ficará por muito tempo no Purgatório.



(Rodovia Bandeirantes, SP, km 95, 30/06/2009)

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