segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vaticínios (Verdades Alternativas)


A mentira possui pernas pequenas e mancas,
Tão curtas como o salário no final do mês,
Lograr o outro com verdades fictícias,
Empurrar com tanta voracidade para dentro do alçapão.


A atmosfera cinzenta emplaca um indigesto frio,
Pela fresta da janela invade uma corrente rigorosa de ventania,
Ninguém sabe exatamente quem fala a verdade entre os homens,
A cegueira dos olhos ou a estupidez do coração.


No jogo das mentiras mal arquitetadas,
Tantos esforços para promoção do desapego,
Mentiras aliadas para dentro de uma cesta de enfermidades,
A ingratidão presente que sublima qualquer nostalgia.


Tantas mentiras são colocadas em pequenos potes de veneno,
Preenchidos à exaustão até as bordas e, posteriormente, lacrados,
Dispersados rotineiramente em lugares estratégicos,
Projetados para o desencadeamento do maior mal possível.


Muitas vezes, as mentiras são ingênuas,
Pequenas imperfeições do cotidiano de mesmices,
Servem para justificar ou minimizar tamanha mediocridade,
Tão intensa quanto a porosidade do caráter.


Mentiras são soerguidas em um mundo paralelo,
Onde a verdade é apenas um inútil ornamento de bolo,
Os fatos são criações anônimas dos pensamentos,
Compactua-se no que seja confortavelmente acreditar.


Tantas mentiras contadas para si mesmo,
Tantas elaborações fadadas ao fracasso,
A angústia que assola a racionalidade perdida,
A viagem hostil às catacumbas da memória.


As mentiras são janelas travadas,
Não permitem que nada circule livremente,
A atmosfera pulverizando grãos da areia,
Tantas mentiras espalhadas pelos corredores.


O Amor também seria outra forma de mentira?
Tanto assim seria um exagero afirmar tal sentença,
Mentiras são mais pétreas, desesperadas ou ardilosas,
A Paixão é apenas um delimitado estado de espírito.


Mente quem nunca mentiu,
Mente mais ainda quem sempre logra a si mesmo,
Porém quem se preocupar cultivar racionalmente tanta veracidade,
Estará fadado aos labirintos solitários de algum apodrecido manicômio.

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