Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
O Jardim da Inquietude
Do jardim das essências perdidas,
O tempo leva toda carga de ilusões,
Tantos amores e palavras esvoaçantes,
Que a saudade guarda em retalhos no fundo do baú.
Do jardim das delícias de nossas inquietações,
Havia um mundo que não poderia ser desfeito,
A descarga de emoções era de tal intensidade,
Que nada poderia separar o desejo da realidade.
Do jardim dos segredos partidos,
Nada ficou no mesmo lugar,
Não se resgatou os caminhos de outrora,
Que a vontade buscava tanto construir.
Do jardim das flores flácidas e esquecidas,
Nenhuma das ações foram dadas como arrependimento,
Não é possível voltar nenhum minuto deixado para trás,
E seguir a diante com os espelhos retrovisores riscados.
Do jardim silencioso de nossa romaria,
Havia uma sensação sensorial que tudo era para valer,
Mas com tudo que é frágil desfalece na atmosfera,
As folhas secas partiram juntamente com as juras esquecidas.
Do jardim cinzento de gramíneas de chamas apagadas,
A noite espalhou seu véu sobre nossa história,
Portas e janelas se fecharam confiando o quarto vazio,
E uma cama vazia coberta por um insone lençol.
Do jardim dos lábios sequiosos de afeto,
Seus olhos continuam presentes tanto quanto antes,
Tantas mentiras que adoeceram nossas almas,
O resultado é apenas versos borrados em papel amarelo.
Do jardim das nossas preces não atendidas,
O destino nos esqueceu como uma criança perdida na estação,
Ninguém escuta seu choro contido e seus olhos tristes,
E no final do dia fica sentada no banco da praça a espera da incerteza.
Tantas flores foram ofertadas e derramadas em sua direção,
Como pequenos grânulos d´água deslizadas sobre a face,
Caminhei tanto sem saber onde poderia chegar,
E o resultado foi tudo o que jamais poderia encontrar.
Tantas flores fizeram parte do seu mundo,
Tantas palavras atravessaram sua alma esvaindo-se em apatia,
Ao ver um vazio incontido em seus olhos e seus braços cruzados,
Por que jamais quis colher uma única flor de esperança?
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