quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vermelho (Rubro Rito)


A mulher que sangra,
Segue mais um ciclo que se fecha,
Para recomeçar invariavelmente um novo percurso,
Até nas próximas semanas encontrar o mesmo precipício.


O ciclo natural dos ritmos sensoriais,
As indigestas dores indesejadas de ocasião,
A inevitável pulsão de vida em berço de morte,
Canalizada num horizonte de hostis reentrâncias.


A chave milimetricamente fora do seu devido lugar,
O copo em desuso fora da pia,
O lixo inoportuno caído ao chão,
Tudo é um motivo para um temporal imediato de ódio.


Todos são culpados no recinto do lar,
Todos são inocentes no recinto do coração,
A cefaléia cortante que atormenta o dia à espera da alcova,
Ninguém entende, ninguém precisa entender...


Sob a temperatura da superfície solar,
Uma atmosfera sufocante causa claustrofobia,
Oxigênio! A ansiedade por um ar puro e fresco,
Deus! Por que carregar esta cruz?


Não!... Não chegue perto!
Deixe o corpo na impossível Paz!
Sirenes agressivas dominam os tímpanos,
O que é que estou fazendo aqui?


Picos mordazes de profundo estresse,
Suor frio e algumas preocupações tolas na cabeça,
Cansaço! Quem é que entende isto afinal?
Respirar! Quisera se fechar com um lacre em si...


Destruir o que não se pertence,
Estilhaçar todo o mal com as próprias mãos,
Desce o ciclo lisérgico da normalidade,
Renasce a aura da culpa e uma gota de lágrima.


Ama-se, ama-se demais,
Odeia-se, odeia-se igualmente demais,
Caminho bom, caminho mau,
Ciclo que se fecha e se resgata.


Vida ou sofrimento?
A eternidade da mulher que sangra,
Seja no corpo, seja na alma,
Ciclo que é vida também se aglutina em tormenta.


Ar úmido! Óvulo de vida,
Ar seco! Óvulo de dor,
Caminhos de Paz, prazer e angústia,
Vida e morte num elo dicotômico.

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