domingo, 21 de dezembro de 2008

Natal sem Você


Pensar, pensar, pensar...
Tenho andado a refletir,
Sobre questões que angustiam à memória:
Algumas fortuitas e muitas vezes lacônicas,
E ainda outras desnudando um fundo lírico de melancólica.


Nestes meus pensamentos sem fixa morada,
Você é a figura emblemática e onipresente.
Sinto na carne o quanto é difícil sublimar qualquer paisagem,
O soar de sua ausência de palavras,
A tez de seu rosto,
A intensidade de seu singular olhar,
A volúpia pelos seus lábios.


Sucedem-se os dias, semanas, meses!
E, inerentemente, chegamos no ensejo natalino.
E na triste razão da desértica realidade,
Abrigada pela ingratidão canhestra que o Destino nos reservou,
Mais um Natal sem seu calor por perto.


Como gostaria de estar ao seu lado,
Para poder ler seus pensamentos,
E tentar desvelar todos os medos no calor dos seus lábios,
Afastar os fantasmas que adormecem ao seu lado,
Que exploram a fobia dos seus receios mais atávicos,
Que invadiram como um intenso feixe de luz negra à sua retina.


Mesmo que o sofrimento e a angústia,
Sejam as áridas companhias que nos proporcionaram à revelia,
Ainda serei capaz de ir muito além no desbravar na floresta de desenganos,
De tudo o que já busquei realizar com minhas mãos aprumadas para o alto,
Na esperança de regatar seu abandonado apreço pela felicidade.


Cantar é como a lágrima,
Que brota ardente dos seus olhos:
Alva, atônica, sonora,
Nutrindo o subterfúgio do seu travesseiro.


Silenciar é como a dor,
Que desatina do seu peito:
Forte, angustiada, inaudível,
Consumindo como um cancro a sua alma.


Sonhar é como a flor,
Que resiste na aridez da tempestade:
Firme, tenaz, heróica,
Acalentado algum movimento de libertação.


Mesmo que na penumbra de Natal,
Você não esteja ao meu lado conforme a vida poderia ter nos proporcionado,
Mesmo que o martírio da distância nos separe por tempo sem relógio,
Mesmo que no momento não compreenda estas tolas palavras,
Mesmo que seja voluntária na maldita prisão que foi coagida à adentrar,
Não estará em nenhum momento imaterialmente solitária!


Sim, sua aura estará sempre presente!
A cada instante da intempestiva inconsciência,
Na fantasia dos devaneios em sono fragmentados,
Na atmosfera sôfrega das palavras esvoaçadas nas gotas de chuva,
Na solitude indignada deste meu coração.


Nem todo o desalento das madrugadas em claro,
Nem todo o desapego de seus ânimos,
Nem toda a réstia de insensatez que roubaram nossa visão,
Nem todas as lágrimas que torrentemente emergiram,
Nem todas as mágoas que ecoaram na calada noturna do vazio,
Nem nas bordas da fronteira do seu auto-engano,
Nada pesam perante um virtuoso sentimental Amor,
Natal com o desejo indescritível de amar Você!


Nenhuma maldição haverá de durar para sempre,
Nenhuma mentira tem força suficiente para navegar até a costa,
Nenhuma artéria possa se esvair com todo o nosso sangue,
Cedo ou tarde, toda a insensatez irá se pulverizar,
Um filete de iluminação conduzirá seus passos para fora do tétrico labirinto,
Ventos mais calmos e cristalinos haverão de trazer liberdade para seu ventre,
E assim, o Natal que agora é apenas um, enfim será a dois.

Nenhum comentário: