Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
África (Aqui e Acolá)
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
(“Miséria”, Titãs)
O que me faz falta,
Não são os restos que me deixam,
Mas a volúpia jamais alcançada,
O tempo que tolhe a liberdade.
As vísceras e migalhas atiradas ao relento,
Tenho que conviver com as idiossincrasias do que não sou?
Querem que eu aceite um cercado,
Não sou gado e tampouco pasto.
Filhos de algum prostíbulo são todos,
Todos os malditos que querem fazer com que eu engula,
O lixo que me servem como alimento,
A pocilga e o veneno que não me nutre.
Pérolas aos porcos, assassinos e canalhas,
Políticos, farsantes, mercenários apátridas,
Empilham tantos em guetos e covas rasas,
A morte e a exclusão dos vencidos.
Um cadáver apodrece ao chão,
Muitos cadáveres exibem suas tripas como ornamentos,
Viver e morrer não significa nada: absolutamente nada!
Quando o destino é o espetáculo de aberrações.
Uns pede pão; outros água,
Uns matam a sede com sal,
Outros salgam o que era azedume,
As prosaicas escolhas dentro do abismo.
A cegueira dos olhos abertos,
A insanidade na lucidez,
O grito que provém do estômago,
Por favor, que horas irei morrer?
Sangue, sede e saliva,
Crucifixo, bíblias ou orixás,
A fé dos que nada têm,
A morte como divino alívio.
Os olhos de uma criança,
O vazio do seu interior,
A derme sem carne,
O corpo sem alma.
O inferno é o sedativo,
A morte é a libertação,
A maldição das hordas abandonadas,
Quem derrama lágrimas para tanta gente?
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