A distância que nos separa tão cruelmente,
É o corte mais profundo em minha derme.
Mais um recado no vazio em outra insólita madrugada,
Passa das seis da manhã e uma minguada luz começa a preencher a escuridão.
Pensamentos soltos que buscam sempre o seu semblante.
A sombra da saudade alimentada pelos ponteiros do relógio.
Pilhas de trabalho sobre a mesa e uma canção ecoando pela minha mente,
A profundidade dos sentimentos é resgatada na fria tempestade dos trópicos,
Tantas perguntas que ficaram no ar,
Tantos desejos guardados entre o calor dos lábios,
Tantas lembranças correndo minha mente,
A vida é um saco de memórias e algumas lágrimas.
Quantas noites em Sol buscando um único pensamento?
Quantas palavras exauridas engolidas com a saliva?
Quantos dias em pressão profunda em borda de medos indeléveis?...
A vida perambulando em branco e cinza,
As cores fugiram junto com os seus passos,
Galgo cada degrau da escada que desço até a profundidade do que restou dos sentidos.
Se soubesse por um momento o quanto do cálice amargo que é servido aos meus olhos,
Certamente entenderia que a vida vai muito além das fobias e devaneios,
A curta vida entre o meu Amor e sua (des)razão,
A solidão que nos priva de um sorriso mais vindouro,
A canção que soa latente pelos seus ouvidos é o meu canto platônico de apelo:
- Não ceife na raiz o triste podar de nossa estrada!
Passam as folhas do calendário,
Risco os dias para não lembrar do silêncio,
Nenhum festejo comercial ilude meus olhos,
Nenhuma palavra sai dos meus lábios colados,
Toneladas atrozes sobre meu peito,
Joelhos flexionados até o chão...
Não ignore o calor dos meus dedos entre suas mãos,
Não sele com temor os lábios que tanto foram unidos com os meus,
O verão possui a frieza dos dias lacônicos de inverno,
O suor desliza sobre meu corpo com pequenos blocos de gelo,
O inverno de verão é tão cinza quanto à imprecisão dos dias,
O vento e a tempestade levam a cada dia uma pequena gota d´água da minha face...