quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A linha tênue



Rasgam-se os dias incertos,
Nem sempre na mesma tempestuosa clemência,
Do espectador à espera de sua liberdade diante do corredor da morte.

Enlouqueço ou silencio?
Quando a porta não se abre,
Os dias, velhos dias, são quase todos pardos,
Na espera quase fleumática,
A saliva seca no meio do deserto,
Da poeira trazida pelo chão casto,
Dos momentos de tortuosa expectativa...

Enlouqueço ou respiro?
Eis a dúvida de cada manhã insólita!
Nada faz amenizar os dias de angústia.
Cárcere cinzento com a jaula para os sádicos,
Roncam os dias de labuta e latência,
O suor desliza gelado pela espinha,
Os dedos tremem ao observar os ponteiros do relógio,
Nada é dito sem olhar as estrelas,
Um silêncio absurdo absorve o Tempo,
Não existe azul no céu,
Apenas nuvens turvas e sem brilho,
Hoje é triste!...
Amanhã também!
Caminho na linha tênue entre a cor e o verniz.

Enlouqueço ou regurgito?
O que se passa no semblante,
Dos olhos da amada?
Nunca sei ao certo,
Apenas posso ter uma vaga idéia,
Dos esconderijos e das inquietações,
Que apavoram seus olhos,
Jazem no silencio dos lábios castrados,
Todos os segredos enegrecidos entre trevas.

Enlouqueço ou penitencio?
Até quando a espera saciará os lábios desejosos de chuva?
Até quando a luz que cega seus olhos ilumina os caminhos mais simples?
Até quando seus pés caminharam distantes da palma de minhas mãos?

Enlouqueço ou pereço?
Não há lábios que calam minha ânsia,
No horizonte hostil entre o azul e o negro pálido,
A vida desdenhada não encontra Paz,
Sem um lampejo de voz,
Nada ecoa diante dos corações partidos.

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