sábado, 18 de outubro de 2008

A Cor de Outrora (Vã Poesia)


Quando pensei que tinha chegado a um destino,
Surgiu a vida embaralhando todas as cartas,
O céu que era bem mais límpido e menos acinzentado,
Turvou-se num esbranquiçado sonolento.


Por mais incrível que possa aparecer,
O inevitável também acontece,
Diante de um campo de gramíneas,
Ergueu-se uma atroz muralha.


Aqueles sonhos imaginados através de sua íris,
As pálpebras se fechando sem pedir licença,
O que era certo se tornou instável,
Da dúvida se umedeceu em lamento.



Das noites que dormia segurando suas mãos,
Hoje se tomaram em espaças memórias,
Tantas batalhas estilhaçadas pelos cantos,
Lutas travadas pela coragem de não lhe perder.


Aqueles lábios que não mais toquei,
Aqueles olhos que eram os faróis do sorriso,
Que águas negras que levaram seu semblante?
As mãos se perderam no reluzir da tempestade.


E agora que você não está aqui,
Pouca coisa ficou no lugar,
Um silêncio ecoa pelo quarto,
Quebrado somente pelo vento que adentra à janela.


Por mais que busque esquivar da lembrança,
É quase invariavelmente uma vã tentativa,
Não é fácil apagar o que foi tão feliz,
Mais difícil ainda é observar a cadeira vazia.


Da janela do quarto vestida de cortinas semi-abertas,
Observo algumas estrelas polvilhadas sem tanta maestria,
Talvez uma delas possa trazer algum alento,
Quem saber ter anotado a placa do vendaval que passou.


As vezes, sinto vontade de escrever uma canção,
Que possa trazer alguma luz imersa diante do silêncio,
Mas de tantos versos outrora empilhados sobre o caderno,
Nenhum deles foi suficientemente sensível para o encantamento.


A escrita que não comoveu ou não foi sentida,
Passível de sucumbir aos papéis sem tons coloridos,
Meus versos não fizeram brotar a canção certeira aos seus olhos,
Minha poesia é tão vã.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei, tanto que me emocionei, vc meu poeta predileto.
parabéns pelo esse dom que Deus lhe deu
mil Beijos
Cris