Quando portas e janelas se fecham,
A brisa suave da manhã não corre para dentro,
O ar se torna mais rarefeito,
A luz não toca na devida forma.
O silêncio do quarto fechado,
A assepsia incomoda dos objetos,
O quadro retirado da parede,
A ausência da fotografia.
Sem razão aparente, os lábios secam,
A garganta forma um pequeno nó,
Como um êmbolo pressionando o estômago,
O coração a todo o momento sendo suprimido.
Entre o corredor vazio,
Do sofá da sala para a cozinha,
O cotidiano derretendo os dias,
Nenhum azul adentra entre os filetes da janela.
Certo ou errado, o que foi feito,
Não foi palco de certezas canônicas,
As palavras quando são lacradas,
Perambulam soltas e pálidas pelo tempo.
No chuveiro, as gotas caem como se fosse uma longa tempestade,
Como se a alma necessitasse ser purificada,
A dor que nunca passa ilesa,
Lágrimas se confundem com as águas do banho.
O Amor que cala é a vida dormente,
A televisão ligada passando qualquer coisa que não atrai,
O pensamento distante se eleva,
O travesseiro tenta acomodar a cabeça sem sucesso.
O cansaço inerente ao corpo,
A dor no abdômen percorrendo lentamente,
O frio começa a se ampliar ressoando pela pele,
O sorriso que não faz efeito diante do espelho.
O olhar deslizante pelo horizonte,
Perdido entre lembranças e perspectivas futuras,
O chão da consistência de gelatina,
A árdua pressão das horas guardadas.
Os sonhos parecem ausentar,
Um vazio invade a palma da mão,
A frágil resistência das pernas perante a caminhada,
A vida sendo rifada na caixa de Pandora.
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