segunda-feira, 23 de junho de 2008

Caminhos da Dor


Quando havia o caminho do sorriso,
Tudo eram alegria e desejo,
Crescia dentro do íntimo uma vitalidade única,
De Amor, sintonia e prazer atávicos.


Quando veio a tempestade,
Turvaram-se as nuvens e a cor do asfalto,
O ar se tornou muito mais rarefeito,
A melodia que era límpida cessou...


Cedeu a noite densa e melancólica,
Como lâminas que margeiam a carne,
As palavras foram deixadas de lado,
Só um grunhido de angústia vingou...


Ao redor ninguém ouvia ou tinha capacidade para entender,
Todos julgavam precipitadamente que dos seus olhos,
Brilhavam como cálice de uma surreal claridade,
Mas o olhar de fato era triste e o semblante se empalideceu...


A chuva fria e seca,
Bradou sua energia intensa e feroz,
O corpo todo úmido de lágrimas e chuva,
Em vão, desejava abarcá-la em meus braços e aquecê-la com segurança.


Seus olhos entreabertos buscavam uma pequena luz,
Mas a escuridão torpe nublava o caminho,
A densidade dos dias ampliava a opressão,
E o desejo de liberdade era suprimido.


Recolher-se ao abrigo é um movimento natural,
Na estação os últimos trens já partiram,
Resta muito pouco a ser feito:
Esperar ou caminhar ao lado dos trilhos?


O cansaço era inevitável sobre os pés,
As inquietudes do coração pesavam mais ainda,
As pedras disformes faziam-lhe tropeçar,
Mas o silêncio procurava enganar sem sucesso.


A dor é um imenso lago vazio,
Sobrevivendo no tempo da noite fragilizada,
Deitada na sua cama com a lâmpada de um pequeno abajur acesa,
Agarrando-se firmemente à frieza do travesseiro.


A porta trancada impede qualquer sentimento adentrar,
A procura inconsistente para atravessar entre os poros de ansiedade,
Algumas marchas indeléveis na superfície da maçaneta,
Revelam as tentativas para burlar a parede pétrea da muralha.


Cada passo que dista da alma,
Fragmenta a esperança regida,
Sob a batuta de uma inglória ópera,
A dor de cada atalho em vão.

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