quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Distância do Sol


A distância quando aperta é um corte na derme,
A incomunicabilidade patente que ensurdece,
Sem saber de algum paradeiro cotidiano,
Os olhos são limitados pela extensão da ausência.



Despertar e sentir a longevidade da dor sem teurgias,
A devassa escuridão ausente nos lábios que outrora sentia,
A cama vazia e o silêncio do telefone,
Sentado à beira da cama e não saber sobre o seu dia.



Herdar o malogro dos lábios selados com uma cruel severidade,
Levantar com tibiez do leito e caminhar pela casa,
No banho, os pensamentos saltam assimetricamente,
O café se torna mais amargo do que em outros tempos.



O Sol desanimadamente ascende ao céu,
Irradiando alguma iluminação ao redor,
Entretanto as questões que empilham na mente,
Não encontram as respostas tanto ansiadas.



Os dias transcorrem transitando com esparso ânimo,
Os quilômetros exauridos que afasta a suavidade do desejo,
O rio de liberdade lacrada que silencia os vocábulos,
O Sol que não aquece as mão em gelo.



Buscar em vão atravessar todo este oceano,
Mãos ornamentadas por algemas insalubres,
O que dizer quando o silêncio domina a atmosfera?
Não há bola de cristal para desvendar os olhos vendados.



O Sol transpassa a distância sem a sua presença no meio do caminho,
As horas fragmentadas e circulantes dos ponteiros do relógio,
O desaparecimento tácito da boca levemente umedecida,
Escrevinhar os ecos uivantes dos ventos em blocos de rascunho.



O tolo veranico que abafa os dias e não deixa a alma respirar,
O trânsito que enfileira automotores e azucrina os ouvidos,
Não há caminho certo para a alça dos dias e a sofreguidão das noites,
E os olhos permanecem estáticos sem a oportunidade do desvelo.



Há sementes pálidas germinando de saudade nua,
Que foram polvilhadas no solo salgado da deserção,
Do alto, o Sol com a sua indiferença motriz aquece a terra insípida,
Florescem pétalas caídas sobre o porta-retrato ao longo dos dias calados.



A árdua ambivalência de lidar com a conformidade,
A incapacidade de não saber e não tocar na tez amada,
Não existem palavras que exalem com exatidão tantas sensações,
E ao final da tarde, não há Sol que minimize uma severa saudade.


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