domingo, 2 de novembro de 2008

Dores Febris


No alvorecer monocromático das horas,
Estaciono meus pensamentos em qualquer lugar,
Linhas transversais que não ligam rotas exatas,
Apenas à pulsares impulsivo no tempo.


Queria mais,
Queria ir bem além,
Além de tudo o que poderia ser,
Transmutar a distância em afeto.


Deixar tudo o que causa dor e desconforto de lado,
Afastar tudo o que mareja e enrijece a solidão,
Romper tudo o que polvilha medo e ansiedade,
E talvez assim trazer você para o meu encontro.


Atravessar rios e pontes,
Cruzar avenidas e ruas movimentadas,
Escalar montanhas ou arranha-céus de egos burgueses,
E atingir no âmago o anseio lacrado no peito.


Não zelar por tantos equívocos,
Não maltratar a verdade,
Não ser categórico com a fluidez do esvaziamento,
O Paraíso não vai muito além de nossas mãos.


O vício que nos cerca sem rumores,
A bomba que explode com dois feridos,
As marcas expostas como quadros do MASP,
O roubo da Paz como obras afanadas da pinacoteca.


Não há motivos para tanto desenlace,
Não há sangue para tanta cólera,
Não há caminho plausível sem paixão indolor,
Cintilam as dores do parto e as dores febris.


A sintonia viva no silêncio abissal,
Ambivalência nunca esquecida,
Lábios formigando com desejo inflexível,
O pulso oscilando a palpitação sem a completa entrega.


O sorriso moribundo,
A lágrima sufocada,
A palavra banida,
A angústia reinante.


Melhor negar à dizer a verdade?
Quando o tapete encobre todas as incertezas,
Aceitar tudo contemplativamente estéril,
É assinalar que a vida é uma mera esteira fleumática da linha de produção.

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