O que sou,
O que era,
O que não vir a ser?
A angústia do tempo presente,
Imerso em projeções passadas,
Delírios e deságios da atmosfera existencial.
A construção dos sonhos,
A arquitetura da matéria,
A valorização das perspectivas,
Retrações e reinvenções de si mesmo,
O mundo servido à Prozac.
Tantas abordagens desejadas na planilha da memória,
Erupções das expectativas profissionais,
Quimeras do matrimônio,
Sensações táteis da maternidade,
Tantas outras auras de sorriso elástico.
Vem o destino pouco amável,
Rumos e rotas alteradas,
A ilusão da parceira que nunca satisfez,
O egoísmo fútil da essência humana,
Decepções cutâneas e chagas deletérias.
A perda como conseqüência,
A falta como pontifício,
A dor como subterfúgio,
O silêncio como muralha,
Tantos e tantos sonhos em morada d´água.
O ódio do mundo,
O ódio de si e do espelho,
A sensação de isolamento,
Risos de luxúria e histeria,
A vontade castrada.
Uns matam,
Outros mentem,
E a vida continua,
Banhada de lágrimas secas,
Submergida na fuga adiabática dos pesadelos.
Uns calam,
Outros gritam,
A vida trafegando livremente dentro da jaula de estimação,
Medos comedidos ansiando virar à página,
A gruta do pavor transformando em parque de diversões.
Uns afagam,
Outros apedrejam,
Na louca agonia de fuga das frustrações,
A negativa da realidade para compor um arco-íris surreal,
A pulsão de morte sempre presente nos momentos desplugados do real.
Conviver com as pequenas hercúleas frustrações diárias,
A margem esquerda do rio sem leito,
A miragem tolhida à esperança,
Os dias sobressaltados como cloacas de demônios,
A carne fervendo em banho-maria.
Das palavras são feitas enfeites sobre a mesa,
A opção voluntária pelo sofrimento,
O coração encarcerado no fundo do sótão escuro,
Os sentimentos afastados da ponta dos lábios,
O cotidiano pétreo e o lábios angulares à botox.
O que fazer quando o mar invadir todo o terreno?
Caminhar sobre os seixos dispersos na praia?
Esperar a angioplastia em curto prazo?
Tantas dúvidas sem nenhuma morada de certeza,
Movimento de reparação entre o que era e o que desejo vir a ser.
O tempo corrói as paredes,
O que rabiscar da vida?
A vida não é pedra,
A vida não é barro,
A vida simplesmente é...
O tempo corrói os dedos,
Aquilo que não sei,
Aquilo que nunca soube,
Aquilo que dói para crer,
Aquilo que projetei em vão...
O tempo corrói a alma,
Amor ou abandono?
Saliva ou silêncio?
Liberdade ou muralha?
Todas as emoções confinadas no interior de um cofre.
Um comentário:
Damu pa kmu to?.. Nano ni klase blog man?
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