Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
domingo, 21 de outubro de 2007
Angústia
Será que é sempre assim?
Buscar, buscar e nunca conquistar,
Ansiar, ansiar e nunca encontrar,
Procurar, procurar e nunca chegar,
Sangrar, sangrar e nunca coagular,
Penar, penar e nunca findar,
Balbuciar, balbuciar e nunca explanar,
Lamentar, lamentar e nunca realizar...
Quais são as palavras mais certas para lhe fazer ouvir?
Qual é o canto?
Qual é a tempestade?
Qual é a oração?
Qual é o pranto?
Qual é a verdade?
Qual é a redenção?
Qual é a saudade?...
Qual é a vida que não carrega uma dor?
O choque desmedido entre o impávido querer e o inócuo fazer,
restam apenas vãs migalhas,
um punhado de lembranças
e a tenaz etérea tristeza do não-conseguir.
Busco fomentar a angústia d’alma
com a tênue visão de singular horizonte
e o cálice de Sócrates proveniente de tão alucinógeno desejo.
A personificação do Amor,
não se restringe a mero devaneio,
obscuro titubeio ortográfico,
na pálida devoção do querer.
Ultrapassa os limites da crítica razão,
a Ciência se reduz a um discurso anacrônico,
a volúpia já não se destingue do ceticismo.
A razão já não é razão,
é desrazão alucinadamente lírica,
alucinadamente quase felicidade,
alucinadamente quase alegria...
Irrequietos sentimentos,
Onde a angústia não se encarcera...
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