terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma lápide para o super-homem


Não existe um super-homem,
Tampouco as vísceras de um homem de aço,
Não garante a Paz com seus músculos inatingíveis,
Não existe a garantia da esperança.

O super-homem é uma mentira,
Como todas as meias-verdades apregoadas pelos apadrinhados de Mefisto,
Constrangido pela realidade,
Ele prometeu resgatar o mundo,
Caiu sem salvar a si mesmo.
Promessa vazia ou castigo demasiadamente pesado?
Todas as verdades robustas possuem pouco néctar da mentira.
Tolices, crendices e a paixão movida no ritmo da exaustão.
O super-homem sangra entre carne e dentes,
Possui lacrado em seu coração o medo e a dor,
E não é imune a corrosão...

O super-homem fracassado dos delírios surreais,
Não impede tragédias,
Não atravessa precipícios,
Não salta desvairadamente entre os prédios.
O super-homem é miragem,
Pelas suas mãos escorrem areia e sonhos,
O super-homem é falso mito,
Mitologia pagã de um altruísmo patético cercado por um mundo de superficialidade,
Sangra com a lâmina que crava o seu peito,
O super-homem cai num lago de águas turvas e enegrecidas de suas lamentações.
Sem forças, atirado entre o vão dos edifícios.
É possível ouvir a platéia sentenciando seu destino:
- "Incinerem o super-homem!", gritava um desconhecido em pura catarse.
- "Roubem o seu coração!", ecoava mais um delirante carrasco.
- "Dilacerem a sua alma!", pregava alguém segurando um evangelho.
Os risos e as palavras de escárnio se ouvem ao longe...

Podem calar a sua voz,
Retirem até o seu último sopro de vida,
Todavia é preciso ainda atender o seu último pedido...
Mesmo castigado pelas luzes que cegam os sedentos de carne e sangue,
Ninguém poderá nunca dizer o contrário:
Agora, mesmo caído e sem esboçar reação,
O super-homem nunca foi desprovido de coragem e afeto.
Sua luz cega os olhos desprovidos de espírito.

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