segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Autopoema (Canção Verborrágica)


Eu faço versos como quem chora,
De desalento, de desencanto, de desilusão!
Eu faço versos como quem acredita,
Na devoção da escrita,
Compor a amada através das palavras...

A cada rima uma saudade,
A cada metáfora uma lágrima,
A cada estrofe uma angústia.

Escrevo para buscar encontrar
Um gesto, um sorriso, um semblante...
Recompondo recordações que não enxerguei,
Refazendo o que eu nunca fiz,
Sonhos que nunca alcancei!

Em meus versos verborrágicos,
Carregados de espasmos,
Registro a canção d’álma:
Sem máscaras, sem o ar leviano
Do mero feitio rebuscado da escrita.

Em traços não-lineares,
Livre condução da dor,
Há um constante conflito,
Entre a palavra cética
E o cético sem palavras.

Na árdua missão de não confundir,
A devoção com a razão,
Sem alvejar unívoca solução,
Vagando entre uma pseudo metafísica
E a incômoda presença positivista.

Não há azul no céu que acoberta,
Não há azul no mar que naufrago,
Não há azul no solo que caminho...

O manto da ausência me envolve
E na solidão as metáforas no papel refazem:
Desejo quase insanos,
Confissões patéticas,
Emoções suprimidas...

Cansado de lutas inglórias,
Repouso-me no rascunho deste versos
Lembrando o vão passado,
Recriando vãs saudades...
Atmosfera sem oxigênio!

Não acredito na veleidade dos deuses,
Não acredito na premeditada teologia,
Não acredito em fórmulas que preconizam panacéias,
Nem acredito em divindades,
Não acredito nos dogmas da verdade!

Buscar,
Burlar,
Acontecer,
Não conseguir... Perder!
Vastas são as denominações,
Vasto é o vazio...
Se o sentido para escrever
É para cantar minhas mágoas,
Então, não poderia ser diferente,
O cantar de meu triste presente,
Cheio de tantos desencontros
E tantas palavras incoerentes...

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