Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
domingo, 21 de outubro de 2007
Brumas de Outono
O desejo transforma o que não tenho,
O desejo reduz o que não sou,
O desejo que oprime e se faz sentir
Na carne,
Na alma,
Nos olhos de quem não há mais o que penar,
Porque já penou demais!
O real já se desfez,
A utopia, mesmo convalescente, ainda resiste...
Em berços caudalosos de triste caminho,
De viver o que nunca viveu,
E pairar como folhas mortas,
Em uma solitária manhã de outono,
Em névoa, em lágrimas...
O que foi para ser dividido
Foi negado!
E o que foi negado,
Jamais será compreendido!
Na desrazão do Ser
Calam-se os que possuem vozes inaudíveis,
Calo-me sabendo que minha insípida voz
Não atinge os seus ouvidos...
E de desassossego vou me confinar
Até o fim do dia,
Quando as estrelas começarem a brotarem
E a claridade morrer...
Há um mar de desejos,
Insólitos, inatingíveis...
Na solidão do dia,
Há até mesma uma solidariedade da chuva,
Que ao molhar minhas vestes
Ameniza o desalento da saudade.
Distante em trevas...
Brumas de outono,
Brumas de incompreensível razão,
Brumas de angústia visão...
Apenas brumas,
Assim como o desejo de tê-la,
Assim como o desejo de tocá-la,
Assim como o desejo de amá-la,
No silêncio,
No impossível,
No infinito em névoa...
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