Frio. A manhã começa a clarear,
A cama permanece solitária e intranqüila,
A insônia ganha vida autônoma,
A atmosfera reinante é de um domingo glacial.
Na rua, barulhos ensandecidos de uma imbecilidade alheia,
Aqui dentro um sonoro silêncio,
Ligo o rádio para ouvir qualquer notícia,
Nenhuma delas anuncia o regresso dos seus olhos.
Sobre a mesa, uma pilha de livros e trabalhos a serem vistos,
Um cansaço incômodo planando pelos ombros,
De relance, observo o relógio estático,
Os ponteiros parecem congelados.
O que poderia está vagando em seus pensamentos?
Se eu pudesse desatar cada um dos nós,
Atravessaria qualquer Inferno somente para resgatar seus olhos,
E entregá-los para um pacífico Paraíso.
A manhã fria é ampliada pela claridade,
Porém, as pálpebras continuam cerradas,
A sensação acre galvaniza a boca,
As palavras dormentes permanecem presas à garganta.
Abro um livro e leio um pouco,
Enquanto lembranças velejam à mente,
Observo a luz adentrando pelas frestas da janela,
Os olhos se tornam mais cansados de tanta insone espera.
O que dizer quando o desejo é estar do outro lado da cidade?
Quem duvida que a saudade seja um indócil castigo?
Acordar ao lado de quem nunca deveria silenciar,
E os lábios permanecem sedentos de sufocada vontade.
O Amor não é um jogo; é uma crucificação com sorriso brando,
O sentido da falta e o de preocupação,
As dores de Amor e a constrição da dor do resgate,
O quarto se torna pequeno para a imensidão vazia das mãos desunidas.
Manhã de aparência tão desolada,
Não trás nenhuma cor ao dia,
Seus olhos tão distantes não iluminam o ambiente,
O dia conservar-se como a noite.
Relembro cada canto do seu quarto,
Cada curva simétrica do seu corpo,
Cada toque que lhe emanava prazer e conforto,
Aqui, encarcerado no meu próprio quarto.
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