Cai a tarde,
Com o peso de pedras rolando um desfiladeiro,
O frio invade o quarto sem pedir licença,
O telefone permanece em áspera quarentena.
Sábado de um vazio incômodo,
Relembrando memórias recentes,
Olhos da amada e lábios sem lugares-comuns,
O dia se congela sem graça alguma.
Os desejos afloram na pele,
A saudade castiga severamente o peito,
Resta então fechar os olhos lentamente,
E engolir a saliva como pó de vidro a seco.
Memórias da Paixão,
Canção íntima do intelecto,
O dia frio transforma a paisagem num lugar hostil,
As mãos permanecem em insustentável ausência.
O que poderia fazer para não sentir dor?
Deitar angustiadamente junto ao travesseiro?
Fechar os olhos desejando o tempo passar?
Calar os lábios sequiosos por liberdade?
Onde anda cada passo de sua estrada?
Busca incessante pelos seus olhos,
Sintonia de Amor refugiada no silêncio,
Caminho sem vencedores.
A temperatura gradativamente abaixa,
Esfria tudo ao meu redor,
A ponta dos dedos se tornando gélidos,
Meu olhar perdido sentindo a força do vácuo.
Onipresente, seus olhos margeiam meus dias,
Lábios sequiosos pelo seu beijo,
A lágrima em desequilíbrio no canto do olhar,
A vida é de um capricho ingrato.
Na trilha inóspita do cotidiano,
Os sábados são cinzas e as noites vazias,
Cada verso é como uma pequena fagulha,
Para incinerar a aridez presente na saudade.
Não há tempo que desvencilhe as lembranças,
Guardadas a sete chaves na minha retina,
Palavras ao vento, solidão e sofrimento,
Rimas fáceis, dias pétreos.
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