Mais uma noite se esvai,
E com ela mais outro pesadelo,
Noite em claro com sono breve,
O Sol dá a vã sensação que tudo será apagado.
De tanto desejar esquecer,
Tudo parece remeter às lembranças,
O domingo começa a se manifestar,
Da janela apenas uma breve brisa leve.
Quando temos a sensação de impotência,
Onde a história desvela suas cores em caleidoscópio,
Pouco se têm a fazer diante do espelho,
Exceto cerrar os olhos e talvez esperar...
Não se sabe qual verdade acreditar,
Quando a angústia guia os passos,
Verdades e mentiras são fragmentos intercambiáveis,
Elementos pálidos do mesmo porta-retrato.
Os caminhos são todos minados,
Não há atalho sem baixo custo,
O peso patente das escolhas e saídas,
Cada alternativa uma estrada em solavancos.
Ladrilhos entortam o caminho,
Estrada longa e incerta,
Não há nenhuma garantia de retorno,
Agir ou não é uma opção sem lastro.
Naufrago, imerso em asfixiante atmosfera,
Trôpego com os pés cansados entre quedas e vendavais,
Atado sem poder apresentar habeas-corpus,
Tangido pela umidade dos grilhões do silencioso cárcere.
A noite reinicia fria e sôfrega,
Tal como foi ao longo do dia,
A brisa sem calor invade as horas,
A calma irrequieta observando o banco vazio.
Ao deitar na cama o sono nunca surge,
Como se cada minuto fosse uma eternidade,
Os pensamentos rolam desarticulados e disformes,
Nenhuma luz que possa clarear algum caminho.
Na escrita dos dedos cansados,
No frio do inverno paulistano,
Penso nas formas de atravessar a cidade,
Até alcançar o seu coração.
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