quinta-feira, 31 de julho de 2008

Música Lenta


Por que temos que dançar tão depressa,
Quando a música pede um ritmo menor?
Por que acelerar tão severamente os passos,
Quando o silêncio nos faz ouvir melhor sua melodia?


Por que correr tanto com a vida?
Se lentamente podemos com calma saborear melhor os frutos,
Sentir os dedos entrelaçando-se com mais tranqüilidade,
A degustação serena da irradiação do olhar.


Por que tanta pressa em viver?
Se a cadência frenética das horas,
Passam tão depressa e instável,
Nem dá para sentir se é noite ou dia.


Gire a cadeira, observe à sua volta e veja,
Se o Sol brilha da forma que sempre você desejou,
Se o céu possui o azul que tanto seus olhos ansiaram enxergar,
Senão, alguma coisa poderá estar faltando de forma pouco transparente.


Deixe os problemas de lado,
Nada pode perturbar sua cabeça neste momento,
Apenas feche as pálpebras docemente,
E sinta-se um pouco mais próxima das nuvens.


Por que brincar de catalogar a vida com seriedade,
Se na verdade tudo não passa de um castelo de cartas,
Uma ventania e lá se vão valetes, damas e reis ao chão,
Voar, voar!... Por que voar tão baixo assim se é possível ir além?


Desacelere os passos da caminhada,
A sede não será aliviada jogando água salobra no rosto,
Sinta um pouco da simplicidade da brisa,
Abra a janela e respire um pouco mais profundo.


Não corra. Caminhe!
Não cale. Fale baixinho ao meu ouvido!
Não chore. Sinta o toque dos meus dedos sobre a sua face.
E siga calmamente ao meu lado.


Sem afobações, não tire conclusões precipitadas,
Sem justificativas, deixe o coração redigir os anseios,
Sem pisar em falso, acomode delicadamente seus pés no asfalto,
Sem descolorir os dias, borde com serenidade seu caminho.


Liberte-se do que domina a garganta,
Desenlace os pés com a sintonia da música,
Abra aquele sorriso tão característico,
E não abaixe a cabeça para nada nesta vida.


A vida não foi feita ontem,
E não irá acabar no início do anoitecer,
Aspire com ternura o aroma adocicado das flores,
Não vale a pena corre tão segura para um inócuo vazio.


Pare! Não desvie novamente os olhos,
Não é necessário ocultar nada do que já é conhecido,
Uma bela canção sempre pede que acompanhemos sua musicalidade,
Segure firme minhas mãos para que possamos iniciar a valsa.


Confie! Conceda-me mais um dança,
Olhe fixamente diante dos meus olhos,
Sentir o contato singelo dos lábios,
Transpirando à frio o desejo incontido.


Ouça! Por favor, ouça a música lenta,
Que adentra brandamente aos seus ouvidos,
Desamarre os grilhões que asfixia o coração,
Permita que a sua alma seja invadida pela vontade de ser feliz.

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