domingo, 6 de julho de 2008

Cotidiano


De um cochilo no vazio,
Mais uma manhã se declara ao dia,
Observo o relógio e logo vejo os ponteiros deslizarem,
A claridade ilumina parcialmente o quarto.


De um lado da cama passa a mão levemente,
Um desejo transubstancial de falta sentida,
No rádio, uma música que outrora tempos acalmava,
Novamente trás um gesto insalubre na boca.


Uma dor sentida de uma saudade permanente,
O telefone emudeceu sem explicação,
Na ponta dos dedos o desejo de sentir,
A textura tão suave de sua pele límpida e aromatizada.


Na cozinha um café sem a rubra xícara preferida,
Cada gole deslizando seco e sentido na alma,
Fecho os olhos por alguns minutos,
Algumas lembranças em flashback remoendo na mente.


Um sorriso doce que fazia as cores cinza dos dias se colorirem,
Até o meu velho ateísmo caiu em descrédito,
Quando tanta Paz foi transmitida,
No toque de mãos tão afáveis.


E o dia segue sem o brilho desejado,
A alegria transferida do coração,
O tédio do trabalho de pouca graça,
O caminho sem luz angustia e umedece o canto do olhar.


Rabisco em vão algumas páginas,
Versos que pulam em minha mente,
Uma ansiedade transbordada de palavras soltas,
A cabeça tirando em papéis avulsos.


Cruzo os dedos com a esperança de surgir,
Uma leve brisa que drible os muros que bloqueiam seus ouvidos,
Que possa relatar baixinho todo o meu sentimento,
Talvez assim chegasse mais fácil ao coração tão atado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ive read this topic for some blogs. But I think this is more informative.