Espaço dedicado à análise, reflexão e crítica dos enlaces, desarranjos e autofagias do homem (i)material e o desencanto do mundo contemporâneo.
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Dádiva
Se seus olhos estivessem mais abertos,
Contemplariam a imensa face do mundo,
Quando lutamos contra nossos anseios,
Perdemos o significado do nosso ser.
Se as palavras riscam sua alma como adagas ao vento,
Talvez seja um alerta para os dilúvios interiores,
Desejos calados pelo medo cruzado,
Rios fulminantes sob a cegueira do olhar,
Madrugada ardente tecendo vocábulos,
Insolúveis sonhos que nunca chegam,
Pelejo o silêncio adentrando a lápide,
Lembranças cortando o cálice d´alma,
Não fujas refém das sombras nefastas,
Ata-me como seu viril metal,
Cicatriza-me como sua derme pulsante,
Acorde do repouso e pouse ao meu encontro.
Não tema o tempo de agora,
Não recolha sua nau ao cais,
Não viva tangida em um cárcere insofismável,
Não adorne flores violadas ao chão.
Se todas as palavras fossem delírios,
Nenhum verso seria o bastante,
Abra-se para a planície enluarada,
E respire novos ares de liberdade.
(Araraquara, 16/11/2006.)
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