segunda-feira, 23 de julho de 2007

Entre medos e monstros


Ecce Agnus Dei: Qui bene amat, bene castigat?*

Fazia calor, mas o que sentia realmente era um ar gélido na espinha,
Na boca, uma sensação acre que a angústia reina no coração,
A instabilidade dos desafios desestabiliza suas pernas.
Ronda na sua cabeça um turbilhão de ansiedade e pavor.

Calam os lábios corrompendo as vontades da alma,
Silencia suas preces e enaltece as velhas feridas,
Teme tudo aquilo que possa vir a ser um novo paradigma,
Refugiam os dissabores em mentiras mal formuladas.

Há um monstro que ronda seus soturnos pensamentos,
Quem sabe o mal que poderá jorrar desta criatura atípica?
Surgido do vácuo, seus olhos atônicos buscam pulverizar sua presença,
Tal besta-fera poderá ter o beneplácito mérito para carregar o seu corpo?

Há um monstro despencado do céu que expele palavras de tolices emotivas,
Suas mãos não sabem se resistem ou cedem a seus estranhos apelos de felicidade,
Você silencia numa vida de acomodação e norteada por espectros invisíveis,
Em suas costas pesam o cansaço da batalha sem brilho.

Há um monstro que teima penetrar na sua instável alma,
“Tolices complacentes?” – debocha ingenuamente seus olhares,
O medo de um estranho novo mundo é mais forte que a solidão em cativeiro.
Castigar silenciosamente e conspirar com o Tempo a distância do temível monstro.

Há um monstro gotejando suas horas dolorosas em fios de distância,
O afeto é para o fraco de alma carente.” – balbuciava seus temores.
As mensagens cifradas varavam a noite preenchendo sua rotina,
A solidão desértica será a recompensa para as teimosias dos reinos infundados.

Há um monstro que precisa ser sangrado com sua indiferença,
Sucumbe o calor da carne e o esmaecido sabor de lábios ferozmente desejados,
Suas preces balbuciam desesperadamente a verdadeira face de um amor...
Quem teme a felicidade, refugia-se eternamente em trevas.


(* Loc. Latim: Eis o Cordeiro de Deus: “Quem ama bem, castiga bem?” i.e. “O castigo deve ser o fruto do amor?”)

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