segunda-feira, 23 de julho de 2007

Labirintos


Tudo o que sei são algumas poucas palavras para o diplomático conforto,
É enigmática a presença do não-saber.
Eu sei o quanto à vida é frágil,
A morte é única quimera da certeza.
Eu sei que tudo o que somos são miragens,
A indiferença fragmenta o cotidiano.
Eu sei que um olhar a 360 graus é como fagulhas de vidro na derme,
Não é possível ser benevolente com sortilégios e a fuga da realidade.
Eu sei que tudo são gestos ansiosos para uma pseudo-afirmação,
O autocontrole apenas reproduz uma velha canção famélica.
Eu sei que monstros e feiticeiros vivem no onipresente berçário da inconsciência.
A apatia nos reduz às bestas vociferantes de Bruegel.
Eu sei que o Tempo não é um exercício físico,
É como um transcorrer bio-psicológico de nossa dimensão privada.
Eu sei que somos feitos de matéria e espaço,
O espaço-tempo é o fruto singular de nossa atmosfera pagã.
Eu sei que possuímos a herança do inexeqüível vazio inicial do universo,
Somos aglutinadores da infinita poeira e radiações cósmicas.
Mareados em dúvidas e silêncio profundos,
Rios de caudalosas inquietações.

Vida sem viver...
Tempo vazio de ampla inexistência.
O que está oculto atrás do espelho cujo eco ensurdece o silêncio?
Cada um de nós arquiteta o seu próprio labirinto:
Cultivar flores entre pedras e areias
Ou parir demônios em labirintos trancafiados?

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