sábado, 10 de novembro de 2007

Hipotermia

Se o meu sorriso mostrasse o fundo de minha alma... Muitas pessoas ao me verem sorrindo... Chorariam comigo! (Versos extraído de um blog português sem autoria conhecida)

O que difere a palavra fundamentada da pungente ação?
A palavra para sobreviver carece ser crivada por um pouco de obsessão,
Vivida e embriagada em cálices de surreal desejo.
Sem palavras, caminhamos com sofreguidão sobre rios de lavas,
E nem sempre a atmosfera pouco translúcida garante a Paz.

Nos momentos que a solidão devora o negrume ardor da madrugada,
Penso o quanto indigesto são os dissabores da vida,
Quando acreditamos que tudo poderia ser resolvido com simples palavras e olhares...
E, no entanto, nada se prontifica a ser racional,
As palafitas pouco sustentam o peso dos dias,
(Pesados e bem pesados os dias!)
E o que tange na essência é o profundo caminhar do falecimento da razão.

Não ouço mais o tocar das palavras que outrora me encantava.
Os Demônios com suas caudas que açoitam vorazmente,
Como laminas que adentram nossa carne,
Eclodem com odor de enxofre apodrecido de seus desígnios nas almas em tormenta,
O desafeto da memória que teima em não abandonar as dores.

A perplexidade é a filha bastarda do impetuoso silêncio e da mordaz escuridão,
Tão atroz e insensível, o vácuo da ausência queima como nitroglicerina,
Somam aos lábios selados de desejo,
O sinistro pacto com a infelicidade,
Teimamos em desdenhar da vida com a imaturidade de uma criança,
O preço pela traquinagem insensível é o castigo malévolo do Tempo.

Caminhamos sem a devida piedade para um vácuo existencial,
Sem ouvir os murmúrios das folhas secas pairando ao chão,
Marchamos voluntariamente para o cais,
Para embarcar num navio negreiro de virtudes silenciadas,
Partiremos para um mar tempestuoso de uma insípida realidade,
As noites são tão frias quanto um iceberg a deriva no oceano,
No deserto gelado da maldita indiferença,
Nossos corpos serão apenas meras carcaças hipotérmicas,
Sem o calor que está sendo sucumbido pelo nosso abismo cotidiano.

Talvez seja preciso relembrar a mesmice rotineira:
Acordar, viver, morrer...
A noite que dura enquanto a Lua ilumina a treva,
Ao som dos aplausos dos fantasmas com risos sarcásticos,
Que incinera ensurdecida como metástases ao vento,
Permanece a pergunta flutuante na acinzentada atmosfera:
As lembranças serão suficientes para erguerem nossos pés?

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