quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Impertinências do real


Tarda o dia,
E dura pouco mais que algumas horas.
Tarda a hora,
E se alonga pouco mais de alguns minutos.
Tarda a espera,
E se estende muito além de uma incerteza atroz.

Todas as palavras soltas,
Polvilhadas pela calçada,
Caminham inexoravelmente para um dilúvio.
Todas as sílabas fonéticas,
Migram para um imaginário de opressão.
Quanto resta a se feito e refeito para serem colados os dedos novamente?
Quando todas as ações são negadas,
E os paradigmas ainda fincam seus desígnios.
Tantos símbolos sinalizando as rotas erráticas.

Um olhar introspectivo esfacela o destempero do cotidiano,
Ânsia da descoberta solta pelos corredores do pensamento.
Tempo que se prolonga evasivamente como molas soltas,
Uma matemática frustrante resulta na divisão dos lábios,
Querelas hostis ao sabor do cálice dos condenados.
Abraço os dias como parafina se aproximando da chama,
A música soa tão estridente quanto à miragem dos seus pés.


Hoje a razão partiu do meu peito,
A bússola se perdeu imerso num leito de indagações,
Indefeso contra as insanidades tão ternas da paixão,
Conduzo meu lápis pressionando a grafite no papel.
Cada dia da semana transcende a cada passo incerto com lentidão indesejada.
Engano meu relógio dizendo que logo vem àqueles olhos,
Mesmo estático, almoçado em locais de grande movimento,
Segue a rotina de desenraizar memórias e delinear alguns versos.


De um lado para outro,

Nenhum semblante é igual ao seu,

Na cadência da saudade,

Transeuntes pelejam ao sabor da rotina,

Lábios e mais lábios que não se parecem com aqueles que tanto alvejo,

O perfume que embriagava não mais exala de sua fonte,
As impertinências agonizam as dores mais profundas.

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