O que é que está nos afastando agora?
Porque o silêncio vem bloqueando nossos olhos?
Qual a verdade trancada debaixo de uma pedra?
Tantas indagações amarguradas sem nenhuma resposta...
Hoje lembrei novamente dos nossos mais líricos momentos,
A sua voz doce e suave destilada ao telefone,
Uma invasão de tanto afeto dentro do meu peito,
A constelação cintilante de cada final de semana ao seu lado.
Lábios selados com o longo manto da maldade,
Páginas em branco são reviradas de um lado para outro,
Faltam palavras para acrescentar aos percalços de uma história.
Lábios não cicatrizados e deslizando palidamente uma gotícula de sangue.
Para meu desconsolo as memórias são tão cruelmente lúcidas,
O dia do primeiro beijo e os telúricos beijos seguintes,
O amor despontando e enaltecendo nossos corpos,
A vida cheia de desejos quando cada olhar rompia o tédio dos dias em distância.
Qual prazer é possível quando estamos confinados a um cemitério de saudades?
Quais os segredos lacrados e imersos no seu peito que nunca são revelados?
O Tempo nos maltratando como um corrosivo redemoinho.
Tangida minha alegria, o que me resta a fazer é sentar extático neste banco.
O medo que transborda nas palavras caladas de sofreguidão,
A ausência do despertar da sua voz brindando minha alma,
O refúgio do sorriso nas muralhas da (in)segurança,
A poesia ecoa tão pouco brilho com a incongruente indiferença.
Minhas mãos negadas como quem fecha a porta do Paraíso,
Uma atmosfera de intensa perplexidade ronda todos os pensamentos,
O amor é um barril de pólvora atado a uma pequena fagulha,
Com a iminência de explodir ou implodir os sentimentos deslizados à flor da pele.
Por que tanta pressa para interditar toda a longa estrada da gentileza?
Uma canção diz com todas as suas cores: “Amor é a palavra que liberta”.
Não se pode deixar as angústias darem o tom das regras do jogo da existência:
Por que encarcerar a sonoridade das reentrâncias da alma?
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