segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pétalas ao chão
















De flor em flor,
De amor em amor,
De dor em dor,
Hoje não sobra mais a rima,
Rima pobre, muito pobre...
Uma, duas, três... Algumas gotas de chuva,
Mesmo diante do vidro da janela,
Mesclam no rosto sem fronteiras determinadas,
Minha face ainda está úmida e inquieta,
Apenas o silêncio entoando o seu inglório canto.


Das rosas ofertadas aos seus olhos,
Restaram apenas os espinhos adentrando impetuosos no coração,
Sangram e sangram sem cessarem os rios de lamento,
Os ramalhetes que tantos fizeram as cores dos seus dias,
Hoje estão com todas as suas pétalas disformes,
Espalhando-se soltas pela estrada vazia de nossa distância.
O deserto gelado que tomou conta de nossos dias,
Um alucinado silêncio dobrando as esquinas,
A fuga desesperada das palavras atadas a todos os medos,
Nosso jardim de tantas alegrias regadas a intensa paixão,
Tantas angústias celebram nossa separação,
Nenhum sorriso mais recitou alguma alegria,
Não me encontro nesta atmosfera de chumbo.


Hoje fecho meus olhos com o desabar do tempo,
Tenho que falar das lágrimas que nunca secaram,
Os dias pesando toneladas sobre minhas costas,
Os joelhos dobram de um cansaço indecifrável,
Minhas palavras ensurdeceram ao cair na terra úmida,
Ainda lembro do dia que foram guardadas as primeiras pétalas,
As flores sempre perfumaram nosso ambiente,
O seu sorriso de tão belo inibiam as pequenas pétalas,
E tanto amor contido no sabor de cada beijo único,
Uma história de rosas e lágrimas que não foi mera banalidade,
Cada feixe de luz da manhã que adentra ao seu quarto,
Contempla cada momento que meus dedos tocavam a sua pele,
Cada verso depositado ao seu coração,
Nosso amor não era para ficar assim,
Um jardim com pétalas espalhadas por todos os cantos.
Cada pétala nutrida de uma memória banhada ao chão,
Será sempre a saudade maior do amor de todos os amores.

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