quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A letra morta


Sinais passados são holofotes para o futuro?
Não questionamos os dias sempre perenes e atados de ilusões,
Palavras escritas tangidas pelo calor do Tempo,
O blefe que contradiz todas as percepções.

O uivo insosso da matilha dos sedentos,
Evapora a seiva vital da jugular de almas inocentes,
Acorrentamos na longa estrada dos medos freudianos,
Cada gota de sangue é uma rebelião.

Na escrita oculta de cada trêmulo verso,
É preciso encarar cada dia como um locus de sobrevivência,
No mundo distorcido pela mobilidade transeunte do capital,
Peregrinar se reduz na elasticidade do verbo sobreviver.

Hipermodernismo pasteurizador das angústias mundanas,
Consumir alucinadamente é a busca frenética pela vã existência,
A infelicidade é o maior dom da alienação coletiva,
Delineamos com violência o que se esconde na trincheira fértil do cemitério.

A morte é pouco quando a vida é fútil.
Ceifamos milhares de vidas inutilmente,
Entre guerras, hipocrisias e poderes quase absolutos,
A silenciosa carnificina gratuita é a maior herança de nosso legado (des)humano.

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