quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Domingo


Hoje é cinza.
Tudo ao meu redor é tingido da mesma cor.

Hoje é silêncio e eternidade.
Tudo age e regurgita circundado por um vazio intenso.

Hoje é saudade.
Tudo transpira e reluz a ausência fratricida.

Hoje não há mais alegria.
Uma ausência sem explicação.
O sorriso se foi sem deixar endereço.
Nenhum bilhete sobre o porta-retrato.
Nenhuma notícia do seu paradeiro.
Nenhum vestígio de seus passos.
Nada!... Nada além de fragmentos da memória.
Saudades!... Apenas insólitas saudades!

A anorexia sentimental predomina nos alicerces dos pensamentos.
Hoje minha alma se recolhe com a frigidez da distância,
Ecoa uma frieza latente que alimenta meus fantasmas.
Em nenhum lugar encontrei as respostas que tanto anseio.
Não sei mais o número de vezes que me senti estúpido diante dos ponteiros do relógio.
As horas que nunca findam,
E o tempo que nunca chega para onde tanto desejo.
O peso dos dias são elefantes se arrastando para atravessarem um pântano.
Nada faz esquecer o que nunca deveria ter sido esquecido...
Latejam estilhaços de vidro na alma pela falta de sua confiança em minhas mãos.
Tantas canções repentinamente emudecidas.
A solidão e os demônios se alimentam da minha dor.
Ontem adormeci e sonhei com Mefisto.
Acordei sem seu amor e somente o silêncio me visitou...

Hoje é domingo,
Que fim levou a felicidade?
A madrugada não tem mais o sabor do seu corpo,
Sem a claridade matinal dos seus olhos,
Sem a presença terna de suas mãos,
Sem o indescritível beijo de afeto...
Agora, atado pelas fobias do inconsciente,
Tudo imerso nas lembranças do meu quarto.

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