sábado, 21 de julho de 2007

Supermercado das almas


Para o riso basta a lágrima.
Júbilo.

Para o precipício basta o ascensorista.
Subterfúgio.

Para corar o papel basta a aquarela.
Ingenuidade.

Para a vida aeróbica basta o oxigênio.
Simplificação.

Para a história basta decretar feriado nacional.
Esquecimento.

Para a educação basta o computador.
Banalização.

Para a sonoridade basta a explosão.
Insensatez.

Para a energia basta dividir o átomo.
Irresponsabilidade.

Para esquecer a realidade basta debruçar em horas-extras.
Fratricídio.

Para a felicidade basta o caixa-eletrônico.
Pragmatismo.

Para o meretrício basta a tentação.
Luxúria.

Para a libido basta a penetração.
Gula.

Para justificar o amor basta adormecer sob a mesma tenda.
Demagogia.

Para a eternidade bastam juras matrimoniais.
Protocolo.

Para a confiança basta o cartão-de-crédito.
Superficialidade.

Para a cegueira basta a cobiça.
Miopia.

Para a fé basta o travesseiro vazio.
Solidão.

Para a desigualdade basta a promessa.
Hipocrisia.

Para um mundo melhor bastam mandingas de fim-de-ano.
Misantropia.

Para o sangue basta a lâmina.
Trevas.

Para a saudade basta o porta-retratos.
Miragem.

Para o desterro bastam logradouros no Céu.
Mediocridade.

Para o futuro basta o fundo de garantia.
Utilitarismo.

Para saciar o vácuo bastam alucinógenos.
Cirrose.

Para a morte basta a ignorância.
Pólvora.

Para a poesia bastam jorros de palavras.
Concretismo.

Para o suicídio basta o desespero.
Cicuta.

Para os pecados bastam as penitências.
Mercantilismo.

Para intolerância basta a estupidez.
Holocausto.

Para a circunferência basta o compasso.
Apatia.

Para colapsar a dor basta coragem.
Eutanásia.

Para suplicar basta erguer as mãos.
Submissão.

Para o orgulho basta degustar o cálice dos aflitos.
Ignorância.

Para melhorar as pessoas basta aplicar a eugenia.
Deus.

Para ordenar um povo basta o fascismo.
Eutaxia.

Para legitimar o poder basta apontar quem é “mocinho” e “bandido”.
Insanidade.

Para um bom governo bastam apertos de mãos.
Insensatez.

Para uma revolução bastam as baionetas.
Adolescência.

Para a justiça basta aplicar a terceira Lei de Newton.
Cólera.

Para a escravidão basta a planificação do cotidiano.
Calabouço.

Para a liberdade basta erguer a cabeça.
Esperança.

Para compor esse poema sobraram palavras.
Evasão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns amigo!!!!!!